quinta-feira, 5 de abril de 2007

Arte Contemporânea – Brasil

Quem foi à Exposição Itaú Contemporâneo – Arte no Brasil 1981-2006 pôde ler todos os textos maravilhosos que acompanhavam a exposição. Um dos meus preferidos está reproduzido logo abaixo:


A SEDUÇÃO DE TODOS OS SENTIDOS


Se todas as obras de arte dignas do nome seduzem os sentidos (e a razão), por que designar algumas em particular sob esse rótulo? Porque algumas insistem mais fortemente em mostrar-se como obras do desejo, muito mais e muito antes da necessidade.

As palavras dos artistas, referindo-se as suas obras, são aqui tão expressivas quanto as formas que propõem: Carmela Gross fala em inchaço cromático, pintura engordecida; Paul Valèry, referindo-se à Venus de Urbino, de Ticiano, disse que naquele caso pintar foi acariciar; Ernesto Neto menciona o corpo da janela; Ana Tavares, as armadilhas para os sentidos. E Regina Silveira apresenta sua escada virtual como uma vertigem da descida... A paixão da vertigem, como outras, seduz.

A arte didática resulta da necessidade. Leva para o foco, faz convergir. As obras mais inexplicáveis seduzem – quer dizer, etimologicamente, levam para o lado. Afastam da linha. Tiram de foco. Tiram do sério, como se diz. (Como o desejo.)

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