quinta-feira, 30 de julho de 2009

LOKI



Tive o prazer de assistir ao show dos mutantes (com Zélia Duncan) no parque da Independência em 2006, mas não tinha idéia de quanto isso significava para o Arnaldo. Fui porque gostava dos Mutantes, sempre fui fã e não entendia também porque a Rita Lee saiu da banda e recusou o convite para voltar. O filme joga um pouco de luz sobre a história, sem explicação, a dúvida permanece, porém a admiração por Arnaldo aumenta e podemos sentir a angústia e a incompreensão sufocando. No disco Loki e no filme está claro o quanto o primeiro amor significou para ele.

Link para discografia do Mutantes,Arnaldo Baptista e pressbook do filme. No PIRATA DO ROCK.
Twitter do filme.

 Arnaldo Baptista - Ce Ta Pensando Que Eu Sou Loki


Música...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

UMA RESPOSTA

O Livro da Solidão
Cecília Meireles

Os senhores todos conhecem a pergunta famosa universalmente repetida: “Que livro escolheria para levar consigo, se tivesse de partir para uma ilha deserta…?”

Vêm os que acreditam em exemplos célebres e dizem naturalmente: “Uma história de Napoleão.” Mas uma ilha deserta nem sempre é um exílio… Pode ser um passatempo…

Os que nunca tiveram tempo para fazer leituras grandes, pensam em obras de muitos volumes. É certo que numa ilha deserta é preciso encher o tempo… E lembram-se das Vidas de Plutarco, dos Ensaios de Montaigne, ou, se são mais cientistas que filósofos, da obra completa de Pasteur. Se são uma boa mescla de vida e sonho, pensam em toda a produção de Goethe, de Dostoievski, de Ibsen. Ou na Bíblia. Ou nas Mil e uma noites.

Pois eu creio que todos esses livros, embora esplêndidos, acabariam fatigando; e, se Deus me concedesse a mercê de morar numa ilha deserta (deserta, mas com relativo conforto, está claro — poltronas, chá, luz elétrica, ar condicionado) o que levava comigo era um Dicionário. Dicionário de qualquer língua, até com algumas folhas soltas; mas um Dicionário.

Não sei se muita gente haverá reparado nisso — mas o Dicionário é um dos livros mais poéticos, se não mesmo o mais poético dos livros. O Dicionário tem dentro de si o Universo completo.

Logo que uma noção humana toma forma de palavra — que é o que dá existência ás noções — vai habitar o Dicionário. As noções velhas vão ficando, com seus sestros de gente antiga, suas rugas, seus vestidos fora de moda; as noções novas vão chegando, com suas petulâncias, seus arrebiques, às vezes, sua rusticidade, sua grosseria. E tudo se vai arrumando direitinho, não pela ordem de chegada, como os candidatos a lugares nos ônibus, mas pela ordem alfabética, como nas listas de pessoas importantes, quando não se quer magoar ninguém…

O Dicionário é o mais democrático dos livros. Muito recomendável, portanto, na atualidade. Ali, o que governa é a disciplina das letras. Barão vem antes de conde, conde antes de duque, duque antes de rei. Sem falar que antes do rei também está o presidente.

O Dicionário responde a todas as curiosidades, e tem caminhos para todas as filosofias. Vemos as famílias de palavras, longas, acomodadas na sua semelhança, — e de repente os vizinhos tão diversos! Nem sempre elegantes, nem sempre decentes, — mas obedecendo á lei das letras, cabalística como a dos números…

O Dicionário explica a alma dos vocábulos: a sua hereditariedade e as suas mutações.

E as surpresas de palavras que nunca se tinham visto nem ouvido! Raridades, horrores, maravilhas…

Tudo isto num dicionário barato — porque os outros têm exemplos, frases que se podem decorar, para empregar nos artigos ou nas conversas eruditas, e assombrar os ouvintes e os leitores…

A minha pena é que não ensinem as crianças a amar o Dicionário. Ele contém todos os gêneros literários, pois cada palavra tem seu halo e seu destino — umas vão para aventuras, outras para viagens, outras para novelas, outras para poesia, umas para a história, outras para o teatro.

E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só e a mesma coisa, conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre claridades, é construir mundos tendo como laboratório o Dicionário, onde jazem, catalogados, todos os necessários elementos.

Eu levaria o Dicionário para a ilha deserta. O tempo passaria docemente, enquanto eu passeasse por entre nomes conhecidos e desconhecidos, nomes, sementes e pensamentos e sementes das flores de retórica.

Poderia louvar melhor os amigos, e melhor perdoar os inimigos, porque o mecanismo da minha linguagem estaria mais ajustado nas suas molas complicadíssimas. E sobretudo, sabendo que germes pode conter uma palavra, cultivaria o silêncio, privilégio dos deuses, e ventura suprema dos homens.

Ps.: DICIONÁRIO PARA QUALQUER EXPLICAÇÃO...
Se a aposta é perdida qualquer surpresa é bem vinda...

E NEM A LUA...

"Que garantias tens em vida?

De Morte morrida?

De morte matada,

digo nada.

Nem isso...

O amor nem tudo resiste

Forte, fraco, alegre ou triste

Há, Há, e nem a lua se arrisca.

Palpita pra lá, palpita pra cá

Conselho assim não se dá

Vá, deixa a vida levar

O presente assistir

Um dia o coração para

E a garantia?

VENCIDA.

E o amor?

Existe...

Bem longe daqui

Egoísta, sozinho, calado

NO CONTROLE,

Sem pilha, sem vida, parado.

Morte matada aos amantes,

Delírios errantes."

(Meliane Moraes)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Uma imagem vale mais do que mil...


Mariana Massarani, ilustradora. (atenção para a ilustra amarelei e fiquei comendo biscoito na areia)

terça-feira, 14 de julho de 2009

A procura de um olhar (2)

"Duplicada em músculos muito mais oxidados e não menos afetivos, outra cidade e seus transeuntes, São Paulo surge nas imagens de Mauro Restiffe, como porto mais urbano e frágil, porque para ver a cidade é preciso saber que ali existe uma especialidade psicológica que se chama alma. Esse é o dilema de quem fotografa São Paulo e não percebe o seu corpo em chamas, fragmentado, individual, eu , eu, eu, onde há massacre, chuva, sangue e paixão".

(Diógenes Moura)

"Pensei em São Paulo e no seu entorno. Pensei no mar, na fuga. Naquele que habita outro espaço que nada mais é do que uma extensão territorial do mesmo. Pensei no tempo, na velhice, na natureza. Numa pausa que a cidade necessita, mas nunca alcança".

(Antoine D´Agata)

Tiago Santana