terça-feira, 23 de setembro de 2008

50° PÊMIO JABUTI


"O filho eterno", de Cristovão Tezza foi o grande vencedor do Prêmio Jabuti na categoria ROMANCE. Com segundo lugar no pódio literário: "O sol se põe em São Paulo", de Bernando Teixeira de Carvalho e terceiro "Antonio", de Beatriz Bracher.

* Lista completa dos vencedores


Trecho de O Filho Eterno:

"Ele recusava-se a ir adiante na linha do tempo; lutava por permanecer no segundo anterior à revelação, como um boi cabeceando no espaço estreito da fila do matadouro; recusava-se mesmo a olhar para a cama, onde todos se concentravam num silêncio bruto, o pasmo de uma maldição inesperada. Isso é pior do que qualquer outra coisa, ele concluiu — nem a morte teria esse poder de me destruir. A morte são sete dias de luto, e a vida continua. Agora, não. Isso não terá fim. Recuou dois, três passos, até esbarrar no sofá vermelho e olhar para a janela, para o outro lado, para cima, negando-se, bovino, a ver e a ouvir. Não era um choro de comoção que se armava, mas alguma coisa misturada a uma espécie furiosa de ódio. Não conseguiu voltar-se completamente contra a mulher, que era talvez o primeiro desejo e primeiro álibi (ele prosseguia recusando-se a olhar para ela); por algum resíduo de civilidade, alguma coisa lhe controlava o impulso da violência; e ao mesmo tempo vivia a certeza, como vingança e válvula de escape — a certeza verdadeiramente científica, ele lembrava, como quem ergue ao mundo um trunfo indiscutível, eu sei, eu li a respeito, não me venham com histórias — de que a única correlação que se faz das causas do mongolismo, a única variável comprovada, é a idade da mulher e os antecedentes hereditários, e também (no mesmo sofrimento sem saída, olhando o céu azul do outro lado da janela) relembrou como alguns anos antes procuraram aconselhamento genético sobre a possibilidade de recorrência nos filhos (se dominante ou recessiva) de uma retinose, a da mãe, uma limitação visual grave, mas suportável, estacionada na infância. Recusa. Recusar: ele não olha para a cama, não olha para o filho, não olha para a mãe, não olha para os parentes, nem para os médicos — sente uma vergonha medonha de seu filho e prevê a vertigem do inferno em cada minuto subseqüente de sua vida. Ninguém está preparado para um primeiro filho, ele tenta pensar, defensivo, ainda mais um filho assim, algo que ele simplesmente não consegue transformar em filho." Retirado de Letras e Livros.


"Ali está o pai com o filho idiota diante da fonoaudióloga. Quase esquece que também tem uma filha normal – mas crianças normais só precisam de água, que elas vão crescendo como couves. (...) A criança não se concentra muito, diz a fonoaudióloga, e ele se afasta dali quase arrastando o filho, e no corredor sente o olhar agudo dos outros para o pai que leva aos trancos uma pequena vergonha nas mãos, incapaz de repetir duas ou três palavras numa sentença simples. (E no entanto a criança abraça-o com uma entrega física quase absoluta, como quem se larga nas mãos da natureza e fecha os olhos.)" Revista Veja.

MELONA >> um mistério...

O Bairro da Liberdade em São Paulo por si só é um tanto peculiar, mas uma cena andava me deixando curiosa: legiões de nikkeis, dekaseguis, japoneses e brasileiros pelas ruas em horário de almoço munidos de bastões verdes comestíveis. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: Que *%$#& é essa? Logo depois passei a me questionar sobre o fato que chegara a provocar um sorriso de canto de boca. Após algumas semanas, sob a mesma perspectiva, pude identificar o novo produto. O tal bastão verde era um sorvete que virou "febre" na liberdade. Uma multidão e seus bastõezinhos especialmente escolhidos na cor verde e sabor melão da marca MELONA. A praga é coreana e incrivelmente gostosa. Poderia um sorvete de melão ser melhor ou tão bom quanto um de chocolate? Pode apostar!!!! A paisagem sofre mudanças, novos sabores, consequentemente, novas cores. Mistério solucionado e literalmente experimentado. Daqui a pouco, a Melona vai invadir sp, por enquanto, vá a liberdade.

DVD - Na Natureza Selvagem

"Há dois anos ele caminha pelo mundo,
Sem telefone, piscina, carros... nem cigarros
A liberdade máxima
Um extremista. Um viajante esteta cujo lar é a estrada
E agora, depois de dois anos errando,
vem a última e maior aventura.
A batalha culminante pra matar o falso ser interior
e concluir com vitória a revolução espiritual.
Sem continuar a ser envenenado
pela civilização,
ele foge e caminha solitário pelo mundo
para se perder em meio a natureza"


(Alexander Supertramp / maio de 1992)


"Os únicos presentes do mar são golpes duros...
e, às vezes, a chance de sentir-se forte.
Eu não compreendo muito o mar,
mas sei que as coisas são assim por aqui
E também sei como é importante na vida

não necessáriamente ser forte, mas sentir-se forte...
Confrontar-se ao menos uma vez,
achar-se ao menos uma vez
na mais antiga condição humana...
Enfrentar a pedra surda e cega a sós,
sem outra ajuda além das próprias mãos e da cabeça"

Trechos do filme Na Natureza Selvagem (Into the Wild) dirigido por Sean Pen baseado em obra de Jon Krakauer. A trilha sonora do filme é o primeiro disco solo de Eddie Wedder, vocalista do Pearl Jam e pode ser baixado aqui.

"Há um tal prazer nos bosques inesplorados;
Há uma tal beleza na solitária praia
Há uma sociedade que ninguém invade
Perto do mar profundo
e da música do seu bramir;
Não que ame menos o homem
mas amo mais a natureza..."
(Lord Byron)


Ps.: Into the Wild