"Um dia apareceu lá no morro o Mário Reis, querendo comprar uma música. Estava com outro rapaz, que veio falar comigo. 'O Mário Reis está aí e quer comprar um samba teu'. Fiquei surpreso: 'O quê? Querendo comprar samba, você está maluco? Não vendo coisa nenhuma'. No dia seguinte ele voltou e me levou até o Mário Reis. Ele confirmou. 'É, Cartola, quero gravar um samba seu. Fique tranqüilo, seu nome vai aparecer direitinho. Quanto você quer por ele?' Pensei em pedir uns 50 mil réis. O outro rapaz falou baixinho: 'Pede uns 500 mil'. Eu disse: 'Você está louco, o homem não vai dar tudo isso'. Com muito medo, pedi os 500 mil. Em 1932, era muito dinheiro. O Mário Reis respondeu: 'Então eu dou 300 mil réis, está bom para você?'. Bom, ele comprou o samba mas não gravou. Quem acabou gra
vando foi o Chico Alves."
Depoimento de Cartola sobre o samba "Que infeliz sorte", ao programa MPB Especial (direção de Fernando Faro) - TV Cultura, 1973
Depoimento de dona Zica ao programa MBP Especial (direção de Fernando Faro) - TV Cultura, 1973
Assista o Trailler (uma das partes mais emocionantes do filme – Cartola canta “O Mundo é Moinho” para seu pai)
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