sexta-feira, 20 de julho de 2007

:: BRISA DIONISÍACA ::

Medea – La Estrangera

Grupo Atalaya

Um dos momentos mais tocantes (para mim) foi a cena em que Medea, desgraçada, jogada ao chão, diz:

"Esta não é Medea
Traga-me um espelho

Sobrevivo em ruínas no meu corpo
com os fantasmas da juventude"

BRAVÍSSIMO
plac plac plac

* Naquele instante SENTI no oxigênio da sala, o Retrato de Cecília Meireles.

Retrato
Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração

que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida
a minha face?


Viagem....

O tempo esvai-se com a juventude e o corpo carrega cicatrizes. A alma mutilada deve seguir em frente. Traga e saboreia o amargo. Ala rasa da vida. Mas para os otimistas insistentes, a luz no fim do tunel não é um trem. Cantarolo secos e molhados inventando contra a mola que resiste.


Theatro São Pedro

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