quarta-feira, 30 de junho de 2010
CRISE / CRIE
“Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos.
A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar”superado”.
Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito.. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la“
terça-feira, 29 de junho de 2010
IN MEMORIAM
Aquela ideia que temos da esperança nas crianças, nos meninos e nas meninas pequenas, a ideia de que são seres aparentemente maravilhosos, de olhares puros, relativamente a essa ideia eu digo: pois sim, é tudo muito bonito, são de facto muito simpáticos, são adoráveis, mas deixemos que cresçam para sabermos quem realmente são. E quando crescem, sabemos que infelizmente muitas dessas inocentes crianças vão modificar-se. E por culpa de quê? É a sociedade a única responsável? Há questões de ordem hereditária? O que é que se passa dentro da cabeça das pessoas para serem uma coisa e passarem a ser outra?
Uma sociedade que instituiu, como valores a perseguir, esses que nós sabemos, o lucro, o êxito, o triunfo sobre o outro e todas estas coisas, essa sociedade coloca as pessoas numa situação em que acabam por pensar (se é que o dizem e não se limitam a agir) que todos os meios são bons para se alcançar aquilo que se quer.
Falámos muito ao longo destes últimos anos (e felizmente continuamos a falar) dos direitos humanos; simplesmente deixámos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional. Isso, de facto, não posso entender, é uma das minhas grandes angústias.
José Saramago, in 'Diálogos com José Saramago'
DANCE WITH ME
Uma pena não ter encontrado a versão de Joni Mitchell, mas essa é muito boa também e faz parte da minha trilha sonora.
I am on a lonely road and I am traveling
Traveling, traveling, traveling
Looking for something, what can it be
Oh I hate you some, I hate you some
I love you some
Oh I love you when I forget about me
I want to be strong I want to laugh along
I want to belong to the living
Alive, alive, I want to get up and jive
I want to wreck my stockings in some juke box dive
Do you want - do you want - do you want
To dance with me baby
Do you want to take a chance
On maybe finding some sweet romance with me baby
Well, come on
All I really really want our love to do
Is to bring out the best in me and in you too
All I really really want our love to do
Is to bring out the best in me and in you
I want to talk to you, I want to shampoo you
I want to renew you again and again
Applause, applause - life is our cause
When I think of your kisses
My mind see-saws
Do you see - do you see - do you see
How you hurt me baby
So I hurt you too
Then we both get so blue
I am on a lonely road and I am traveling
Looking for the key to set me free
Oh the jealousy, the greed is the unraveling
It's the unraveling
And it undoes all the joy that could be
I want to have fun, I want to shine like the sun
I want to be the one that you want to see
I want to knit you a sweater
Want to write you a love letter
I want to make you feel better
I want to make you feel free
Hmm, Hmm, Hmm, Hmm,
Want to make you feel free
I want to make you feel free
MUTANTES????
Sentiu que toda a sua carne se dissolvia num turbilhão de luz. E sentiu-se imediatamente feliz. Feliz como se marchasse lado a lado com uma multidão amigável de numerosos camaradas. Por estranho que pareça, soube que já não era nada, ou melhor, que era simultâneamente ele próprio e os outros, unidos numa segurança, num calor e numa força coletiva
(Stefan Wul, em O Império dos Mutantes (1958).Agora só falta saber o que realmente aconteceu para o término de Rita Lee e Arnaldo Baptista... uma curiosidade sobre a vida alheia...
Caso do Vestido
Carlos Drummond de Andrade
Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.
Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,
se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,
beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.
Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,
que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...
Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.
Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.
O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,
mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.
Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.
Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.
Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,
visitei vossos parentes,
não comia, não falava,
tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.
Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.
Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,
última peça de luxo
que guardei como lembrança
daquele dia de cobra,
da maior humilhação.
Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.
Mas então ele enjoado
confessou que só gostava
de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,
me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,
me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,
bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.
Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito
de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.
Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?
quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?
quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?
quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?
Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.
Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada
vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,
mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,
comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,
comia meio de lado
e nem estava mais velho.
O barulho da comida
na boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
A ALMA IMORAL
domingo, 27 de junho de 2010
FUTEBOL & Heineken
Muito bom, kkkk. Imagina assistir um concerto de música clássica na final da copa, só obrigado.
sábado, 26 de junho de 2010
CLAREZA
"É quando chega a clareza, é quando chega a certeza que seu caminho pode ser melhor.
Por isso preste antenção meu irmão, sua intenção pode ser boa, MAS O QUE VALE É AÇÃO..."
GOSTINHO DE INFÂNCIA
Lembranças de onde judas nem pensava em perder as botas, rs... Bem pobre e muito rico.
TE DESEJO
No escuro ele entrou no país estranho, e como era estranho, de entrada difícil, de repente perigosamente difícil, depois às cegas, mas feliz, instalou-se satisfeito; liberto de todas as dúvidas, todos os perigos e todos os receios, soltou-se, agarrou-se, agarrou-se mais forte; afrouxou para agarrar de novo, absorvendo todo o antes e todo o porvir, chegando ao começo da felicidade iluminada no escuro, mais perto, mais perto, cada vez mais perto, até ultrapassar toda a esperança, mais longe, mais longe, mais alto e mais alto até chegar repentinamente à felicidade escaldante.
De Um país estranho, Ernest Hemingway.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
COMPACTO
Com curadoria de Ronaldo Evangelista, o videocast de cultura da Petrobrás tem nome de COMPACTO, o número 1 com Siba (ex Mestre Ambrósio, agora com carreira solo na Fuloresta) e Catatau (Cidadão Instigado).
TUDO AQUI.
DESISTIR
Então você se vê na metáfora de uma casa que foi destruída por um terremoto. você volta lá para revirar os escombros e ver o que sobrou. mais: para ver o que pode fazer com o que sobrou. porque, convenhamos, sentimentos não são suficientes nesta vida. eles só valem para você mesmo. importa é saber o que fazer com eles, como agir diante deles. ou apesar deles.
Você não estava preparado para uma terra tão arrasada. se alguém dissesse que isso iria acontecer com você, você teria rido. tudo bobagem: na verdade, a gente nunca está preparado para algo assim, que atinge o centro.
Somos todos arqueólogos de nossos amores. quer queira, quer não, você vai ter que pisar nestes escombros, segurando uma lanterna, e olhar tudo com atenção para achar ali o que pode ser guardado. esta é a sua coragem. você junta um retalhinho de pano, um pedaço de uma foto que resistiu, um cálice que não estilhaçou, uma caixinha que não queimou. com concentração, paciência e gentileza, você enche uma sacolinha com as coisas que representam uma experiência que jamais será esquecida.
E aí você se dá conta, entre o espanto e o desalento, de que será obrigado a desistir (do que sentia). não era a sua vontade, mas viver é assim mesmo. casas se erguem, você vive e dança nelas. e um dia você sai com uma sacolinha. tão preciosa, tão maravilhosa, tão significativa. tão sua, que apenas para você ela faz sentido. e desistir significa, também, saber do quê se está desistindo. de tudo? não. na verdade, depende do que você recolheu na sacolinha. é dela que vão sair seus novos sentimentos, suas novas perspectivas, seu novo você."
Márcia Benetti.
Fragmentos de um discurso amoroso
(Dizem-me: esse gênero de amor não é viável. Mas como avaliar a viabilidade? Por que o que é viável é um Bem? Por que durar é melhor que inflamar?)"
[Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso]
O QUE É AMOR PRA VC
Olha a resposta do meu psicanalista preferido:
+ Gente:
Tem mais alguns no youtube.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
UM PROFETA
TÁ PENSANDO QUE É SÓ NO BRASIL?
terça-feira, 22 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
MUST HAVE
Dez escritores e seus contos inspirados em músicas de Chico Buarque. Organizado por Ronaldo Bressane.
Alan Pauls (argentino) - "Ela faz cinema"
Mario Bellatin (mexicano) - "Construção"
Mia Couto (moçambicano) - "Olhos nos olhos"
Rodrigo Fresán (argentino) - "Outros sonhos".
Carola Saavedra (brasileira) - "Mil perdões";
André Sant'Anna (brasileiro)- "Brejo da cruz"
Cadão Volpato (brasileiro) - "Carioca".
João Gilberto Noll (brasileiro) - "Vitrines".
Luis Fernando Verissimo (brasileiro) - "Feijoada completa"
Xico Sá (brasileiro) - "Folhetim"
TINHA CÁ PRA MIM
"Acho que a dúvida tem muita saúde porque você não pode estabelecer organizações poderosas em torno da dúvida. Você nunca vai ter um fanático liderando em nome da dúvida. Nunca vai ter um ditador que tenha dúvida. Todas as coisas que fazem mal no mundo vêm de certezas absolutas. Nunca vi um débil mental hesitar. Todo imbecil é convicto. O que caracteriza uma pessoa inteligente é ouvir o outro, não ter certeza absoluta de nada."