terça-feira, 31 de julho de 2007
Dedim de Prosa >> Ponto de vista
"Eu durmo tarde e durmo pouco, é um hábito: quatro horas de sono. Se eu dormisse dez estaria mais disposto, mas eu prefiro viver nesse estado de torpor, de sonolência. Viver em plena consciência é uma coisa meio louca. Prefiro viver longe do mundo, preocupado com a minha vida. Isso está ligado ao pensamento do Foucault, de fazer de sua vida uma obra de arte, como os gregos antigos. Quero dar à minha vida um valor estético, sem representação, sem política. Quero chegar num ponto em que você me pergunte quem é o presidente da República e eu te diga ‘não sei’.”
“Fazer música pra mim é a imagem de um motorista de olhos vendados dirigindo um carro em alta velocidade”, visualiza. “É algo misterioso, você faz por uma força impulsiva."
A Viagem é da TRIP
sexta-feira, 27 de julho de 2007
MP TRECHOS INJETÁVEL >> Chicas
Uma simpática versão de "Me deixa" de O RAPPA. Nada como voz feminina tratando de sensibilidade, kkkkk. (Desculpem meninos.... tá tá tá bom, quem escreveu foi um homem sensível, digamos um metrasexual)
ME DEIXA
Pode avisar!
Invente uma doença q me deixa em casa pra sonhar.
Um novo enredo,
Um outro dia de folia
Eu ia explodir, eu ia explodir
Mas eles não vão ver os meus pedaços por aí.
Me deixa!
Hoje eu tô de bobeira
Hoje eu desafio o mundo sem sair da minha casa
Hoje eu sou um homem mais sincero e mais justo comigo
Podem os homens vir, que não vão me abalar
Os cães farejam medo, logo não vão me encontrar
Não se trata de coragem
Meus olhos estão distantes
Me camuflam na paisagem
Dando um tempo pra cantar...
CHICAS - Quem Vai Comprar nosso Barulho
quinta-feira, 26 de julho de 2007
quarta-feira, 25 de julho de 2007
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Um pouco de poesia >> Onde é que há gente no mundo?
Poema em linha reta
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
MP TRECHOS - Sirvo minha cabeça
(João Ricardo / João Apolinário)
Primavera nos Dentes
Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa contra a mola que resiste
Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade decepado
Entre os dentes segura à primavera
ÁAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
(esse fui eu..... vai, grita, sua chance...)
KISSES, honey.
:: BRISA DIONISÍACA ::
Grupo Atalaya
Um dos momentos mais tocantes (para mim) foi a cena em que Medea, desgraçada, jogada ao chão, diz:
"Esta não é Medea
Traga-me um espelho
Sobrevivo em ruínas no meu corpo
com os fantasmas da juventude"
BRAVÍSSIMO
plac plac plac
* Naquele instante SENTI no oxigênio da sala, o Retrato de Cecília Meireles.
Retrato
Cecília Meireles
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Viagem....
O tempo esvai-se com a juventude e o corpo carrega cicatrizes. A alma mutilada deve seguir em frente. Traga e saboreia o amargo. Ala rasa da vida. Mas para os otimistas insistentes, a luz no fim do tunel não é um trem. Cantarolo secos e molhados inventando contra a mola que resiste.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
UMA DOSE DE POESIA
"Não a posso renovar
E o brilho vai-se perdendo...
- Sou como as velas do altar
Que dão luz e vão morrendo."
As Canções de Antônio Botto
>> FILMES :: NÃO POR ACASO :: Ressignificando
No filme de Philippe Barcinski (curtas: Palíndromo e Janela Aberta) NÃO POR ACASO, a solidão e a perda obriga os personagens a dar novo significado ou reconstruir sentimentos de forma diferente buscando conforto e paz nos corações e vidas de outrora. Pessoas normais, com profissões que exigem precisão e atenção se deparam com a subjetividade da vida, onde nada é calculado e os resultados nem sempre exatos.
"Sua vida metódica, de uma desilusão que não quer mais correr riscos" / "A harmonia do fluxo que este engenheiro de trânsito enxerga no emaranhado das ruas não se repete nas emoções, quando ele prefere se conter a errar."
"Quer dizer a si mesmo que nada vai mudar após a morte do amor. Busca aflito a repetição de momentos já vividos, a manutenção de uma rotina que serve de alicerce a seu equilíbrio emocional."
quarta-feira, 4 de julho de 2007
:: Uma pitada de poesia ::
Dez Chamamentos Ao Amigo
Hilda Hilst
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.