tag:blogger.com,1999:blog-1633301928167607552.post3625875004965517177..comments2023-11-03T05:35:37.409-03:00Comments on Meli ante as palavras: Caso do VestidoMeliane Moraeshttp://www.blogger.com/profile/00567997511550557984noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-1633301928167607552.post-44290279775846268612010-08-03T14:42:45.056-03:002010-08-03T14:42:45.056-03:00Amar - Drummond
Que pode uma criatura senão,
senã...Amar - Drummond<br /><br />Que pode uma criatura senão,<br />senão entre criaturas, amar?<br />amar e esquecer,<br />amar e malamar,<br />amar, desamar, amar?<br />sempre, e até de olhos vidrados, amar?<br /><br />Que pode, pergunto, o ser amoroso<br />sozinho, em rotação universal, senão<br />rodar também, e amar?<br />amar o que o mar traz à praia,<br />o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,<br />é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?<br /><br />Amar solenemente as palmas do deserto,<br />o que é entrega ou adoração expectante,<br />e amar o inóspito, o áspero,<br />um vaso sem flor, um chão de ferro,<br />e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.<br /><br />Este o nosso destino: amor sem conta,<br />distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,<br />doação ilimitada a uma completa ingratidão,<br />e na concha vazia do amor a procura medrosa,<br />paciente, de mais e mais amor.<br /><br />Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa<br />amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.Anonymousnoreply@blogger.com